domingo, 10 de agosto de 2014

2. Sonho II


                                         2.
                               SONHO II

        Como que num passa de mágica uma semana havia se passado, sem que eu notasse alguma coisa de diferente na minha vida, aquele sonho não passava de um sonho, e como outro qualquer não havia sentido algum pra mim ou pra qualquer outra pessoa no mundo.
         O trabalho como sempre andava cansativo e chato, ser garçonete não é um dos melhores trabalhos da cidade. Quando não temos mais objetivos a buscar o que nos resta então? Nada?. Não gostava de ter esses pensamentos pequenos a respeito do meu futuro mas o que mais eu poderia fazer na minha vida. Havia tantos lugares que eu gostaria de conhecer e tantas cidades que me fascinavam. Era verdade que eu idealizo muitas  coisas, porém  nenhuma  diz que eu tenha que estudar  pra isso.
        A lanchonete não era  lugar mais grande da cidade, entretanto tinha seu conforto particular. Um grande salão com um balcão próximo a porta onde as pessoas faziam seus pedidos e pagavam ao sair. O balcão se estendia por todo o lado direito da lanchonete onde alguns clientes sentavam para tomar café ou assistir o noticiário. O restante da lanchonete era ocupado por mesas e cadeiras todas vermelhas.  E  eu, e mais  tres amigas, nus ocupávamos em atender os famintos de plantão.
        O dono o senhor José era uma pessoa calma e muito gentil, mas sua linda mulher a senhora Rachel e que tinha cinco anos a mais que eu era a verdadeira cruela dali. Tirando todos os contra e restando somente aquilo que me agradava ( o salario ), eu gostava dali ( mesmo reclamando tanto).
       Quando deu o horário do meu almoço eu fui correndo direto para a cozinha que era onde nos funcionários nos alimentávamos, com pão e manteiga e um pouco de café ou água. Não me incomodei em comer as migalhas que a RACHELLLL... nus dava, me sentei e tentei tirar um cochilo.
        Um barulho me despertou. pisadas fortes.
         - Ola garotinha... oque faz aqui tão cedo.- Ramon era um pouco chato em relação a mim. Ele sempre estava disposto a me atazanar o juízo e me incomodar com suas brincadeiras chatas e sem graça. Ele era bonito e alto, com um ar de galã. Talvez, ele conseguisse alguma coisa com esse charme de vagabundo italiano, mas comigo isso nunca colava. Seu cabelo era negro, quase que refletia o mundo. Seus cílios grossos assim como sua sobrancelha  e gritando e exibindo-se no meio do seu rosto os seus lábios carnudos. É ele era bonitinho.
           - Ramon não tem nenhuma vadiazinha de rua pra você atormentar não?- nem me dei ao trabalho de olhar nos seus olhos.
             - Você sabe que eu prefiro as princesas!- dentes brancos brilhando em minha direção.. ( isso nunca é bom.)
             - Princesa? minha nossa alguém ainda cai nessas suas cantadas? Meu Deus!!!
           - Você sabe que sim!
           - Quando se trata das irmãs dragão... é... nada é tão surpreendente.- as irmãs dragão era o nome que eu e as meninas dávamos as mais sem cultura da cidade, Susy e Lilo Alves, elas simplesmente se acham as melhores do mundo. São duas vacas depravadas e sem moral, ( uma vez elas zombaram de mim na escola por causa de um cachecol verde).
          Alguém chama por Ramon e ele sai quase que correndo, eu não entendo oque ele viu em mim.
          Volto ao meu cochilo.


         " Vejo nuvens, estou subindo tão depressa mas não consigo sentir aquele frio na barriga que se sente quando se esta em cima de uma roda gigante ou uma montanha russa. A velocidade é impressionante mais é como se as nuvens não parecem de aparecer e quanto mais eu procuro acima da minha cabeça mais nuvens surgem do nada. Olho pra baixo e fico tonta caio e tenho a sensação de ta pisando no chão mais não ha nada abaixo dos meus pés. Encosto o rosto no lugar onde deveria ter algo e sinto a matéria ali. Não entendo como fui para em algo tão diferente e estranho, acho que algo invisível mas oque?
          Vejo nuvens  e nuvens, porem não sinto o ar ou o vento me tocar. Acredito que estou dentro de alguma coisa. Ando ate  conseguir chegar em alguma extremidade e 5 metros de onde eu estava existe uma parede oque me faz procurar pelas outras extremidades e descubro esta em um quadrado, uma prisão invisível.
          Não consigo ver as nuvens elas ficaram a baixo dos meus pés. Somente o horizonte e o sol muito distante. Algo cai e consigo enxergar oque é, uma pequena gota que me parece água vem em minha direção e cai sobre os meus lábios, e novamente outra e outra. Me desloco para a direita tentando sair do caminho daquelas gotas e uma cai no chão formando pequenas ondas no piso invisível e eu caio.
           Não sinto mais o chão, somente o vento e o frio na barriga.
           Sigo caindo... caindo... caindo"


       Acordo na mesa com pedaços de pão grudados no rosto, isso esta saindo do controle.


1. Sonho I


                                                        1.

                                                 SONHO I




          Senti o cheiro de bacon sendo frito com alho e cebola por minha avó. Em dias como esse eu  chegava em casa, tomava um banho demorado e logo em seguida  dormia o sono dos justos. Quando terminei o colegial me vi em meio as duvidas do que realmente eu deveria fazer da vida, por isso, não escolhi absolutamente nada e quando me dei conta estava em meio a pratos de comidas gordurosas e copos de refrigerante sem açúcar.
          Vovó continuava com a sua alquimia la em baixo, e a cada momento um cheiro diferente subia pelas minhas narinas, ela sempre foi dessas avós que gostam de agradar os netos, mesmo quando a neta carrega 18 anos.
          Continuei onde eu estava, deitada  na minha cama com os meus pés no chão implorando para que  sono chegasse e me tirasse daquela vontade louca de descer e comer um belo prato de panqueca da vovó. Ele não veio e eu não resisti. Vovó tava com aquele vestido que ela havia comprado a um mês atras no brechó que fica a duas ruas da nossa casa. Era um vestido não muito velho , com estampa de flores amarelas e com dois botões sobre o busto. Ficou lindo nela.
          - Como foi o trabalho hoje Alya?- ela mal se virou para me olhar.
          -Acho que a qualquer dia chegarei aqui numa ambulância.- peguei uma cadeira e me sentei a mesa de frente pra ela que mexia em alguma coisa na pia.
           - Deixe de bobagem menina, ninguém morre de trabalhar.
           Vovó se virou pra  mim com um pano de prato nas mãos. Ela me parecia cansada e entediada, essa era normalmente a expressão da minha vó. Ela foi ate o fugão com um prato em uma das mãos e depositou nele uma deliciosa panqueca que eu comi com muita fome e estava deliciosa.
           Subi para o meu quarto e liguei o televisor para me distrai um pouco e logo estava dormindo.
     
          " Havia uma grande luz no céu. Mais eu me lembro de estar deitada no meu quarto vendo TV, como poderia existir uma luz tão forte no teto do meu quarto. Esfreguei os olhos, como se tentasse limpá-los de alguma sujeira interna, a luz continuava la. Tentei me levantar, e também não consegui. Minhas mãos estavam livres, conseguia movimenta-las de alguma forma, ergui como se pudesse pegar aquela luz intensa. Algo via em minha direção, aos pouco foi se formando, uma mão grande e roxa, sem unhas nas pontas dos quatro dedos. Senti seu toque frio e acordei."